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ROTA DAS 25 LAGOAS
 
Introdução
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Junto ao ponto mais alto de Portugal Continental, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, a natureza oferece um conjunto de lagoas único no país. São os espelhos de água a maior altitude existentes no todo nacional.

 

Geralmente de origem glaciária, as 25 lagoas permitem criar trilhos pedestres originais, próprios para as épocas quentes de Verão.

 

A Região de Turismo da Serra da Estrela aconselha aos menos experientes a aquisição da Carta Turística (1 :50 000) do Parque Natural da Serra da Estrela, bem como o contacto com guias que permitam percorrer os trilhos com maior orientação.

 

Propomos três Percursos que variam entre os 7 e os 12 Km e abrangem outras tantas zonas de paisagens fabulosas dentro da área do Parque Natural da Serra da Estrela. Dois dos Percursos são circulares, o das Lagoas da Torre e o das Grandes Lagoas, e o terceiro corresponde ao trajeto Penhas da Saúde – Torre (Trilho de Viriato).

 

 

 

Trilho de Viriato (7 Km) – 3h
 
 
 
 
 
 
 
 
 

As Penhas da Saúde são uma estância de turismo a 1500 m de altitude ótima para repouso pois proporciona ar puro e clima saudável.

 

Suba pela estrada até encontrar o Lago Viriato cujas águas abastecem a Covilhã.

 

Continue a subir pela EN 339, passando o cruzamento para Manteigas, até encontrar em baixo à direita, a Nave de Santo António (1550 m).

 

A Nave é uma planície arenosa de que em tempos teria sido lagoa glaciária. Extenso cervunal semeado de blocos arredondados e de rochas aborregadas constitui, no Verão, um manto de verdura onde se apascentam numerosas cabeças de gado.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Continuando pela estrada vamos encontrar na curva imediatamente a seguir, à esquerda, a Barragem do Covão do Ferro, também conhecida por Barragem do Padre Alfredo.

 

Este construiu-a em 1940 para que a Penteadora – uma grande unidade de lanifícios – fizesse o aproveitamento hidrelétrico das águas da Bacia de Alforfa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Junto à Barragem parte o caminho que sobe a encosta até à nascente do Terroeiro, no lado de Unhais, entre piornais, urzes e amontoados de pedras que rolaram da vertente e por entre as quais se ouve o correr das águas.

 

Continue em lacetes até encontrar uma passagem estreita entre as fragas que se destacam. E … Respire fundo !...

 

A encosta que acabou de subir dará lugar a uma vertente suave com um caminho de traçado apropriado à passagem das vacas, ovelhas e cabras que, durante o Verão, ainda vêm de Unhais pastar para o planalto. Para a direita, a vista sobre o Covão do Ferro, a Nave de Santo António e as Penhas da Saúde deleita-nos. Quinhentos metros mais à frente, do lado esquerdo, é a vistas sobre Unhais da Serra e as montanhas xistosas da Lousã que maravilham o nosso olhar.

 

Continuando entre zimbrais e cervunais, sem caminho marcado, siga para Norte até chegar à Torre a 2000 m de altitude.

 

 

Trilho das Lagoas da Torre (8 Km) – 3h
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

O ponto de partida para este circuito pedestre é um local mítico: a Torre – ponto mais alto de Portugal Continental.

 

D. João VI (1816-1826) mandou aí erigir uma torre toda em pedra para completar os 2000 m. Daí, a vista alcança pontos culminantes, extremamente longínquos, desde a Serra da Boa Viagem na Figueira da Foz, até à Serra de Gredos em Espanha; do Marão em Trás-os-Montes à Serra de Portalegre no Alentejo. Praticamente metade do território português e algum espanhol podem ser avistados da Torre.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nas traseiras das instalações que abrigam o radar, junto à capela, siga para Poente pelo caminho em direção ao Poio Estrela (1931 m).

 

Marginando pela direita e, mais abaixo pela esquerda, a linha de água passa no esporão que separa as Lagoas do Covão das Quilhas da Lagoa Serrano.

 

Atravesse o muro da Lagoa do Covão das Quillhas e siga a linha de água até ao Covão do Boeiro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entra-se na Garganta de Loriga, vale glaciário constituído por quatro depressões (covões), escavadas pelo gelo e situadas em degrau.

 

Eram antigos lagos glaciários, hoje colmatados e cobertos por cervunais.

 

Depois da ponto de madeira, siga pelo caminho à esquerda que desce até ao Covão do Meio.

 

A população de Loriga sempre utilizou a água destas lagoas para produzir energia. Ao ser construída a Barragem do Covão do Meio, pela EDP, esse direito foi assegurado. No princípio do Verão, a água contida na barragem é esvaziada para a Lagoa Comprida, através de um túnel, ficando um caudal natural disponível para uso da população durante os 3 meses da estação.

 

Siga agora até à estrada nacional passando pelas ruínas de uma capela. Atravessando aquela no sítio da Fonte dos Perus, vai encontrar um local com um marco, conhecido por Cume (1858 m).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Também conhecido por Planalto da Expedição, onde se acampou, no Verão de 1881, o grupo de cientistas da Sociedade de Geografia de Lisboa liderado por Hermenegildo Capelo. O desconhecimento da Serra da Estrela era tão grande que mereceu exploração e estudo, qual África no meio de Portugal.

 

A partir do Cume vá em direção nascente. Passeie junto às Lagoas das Salgadeiras.

 

Vire à direita no sentido da estrada e prossiga até à Torre onde concluirá o circuito.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
Trilho das Grandes Lagoas (12 Km) – 6h
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

Iniciamos este trilho num local extremamente aprazível, a Barragem do Lagoacho – espelho de água de 480.000 m2.

 

Estamos a 1425 m de altitude.

 

Tomamos o caminho que vai até à Barragem do Vale do Rossim e pelo meio passamos pela pequena Barragem do Covão da Malhada.

 

Dada a sua situação privilegiada, o Vale do Rossim funciona como espaço de recreio e lazer nos meses de Verão. Esta Barragem serve as centrais da EDP e inunda uma área de 371.000 m2, Junto à casa do guarda da EDP, o trilho segue a jusante da Barragem.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atravesse a ponte na Ribeira da Fervença, continue à esquerda por uma carreteira, ao longo da Ribeira da Malhada da Laginha, que sobe entre mato de sargaço, urzes, torgas e piorno, em direção aos três fragões das Penhas Douradas, que devem o seu nome à cor do Sol poente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Atravesse a linha de água e suba a encosta, em terrenos de areias soltas num morro a 1631 m.

 

Em frente, para além dos blocos arredondados das moreias glaciárias, avista-se uma outra paisagem. Desaparecem os castelos de rochas e surgem os rochedos polidos e os cervunais nas depressões, evocando ambientes da glaciação.

 

Desça a encosta e entre no Vale do Conde a 1590 m.

 

Este pequeno vale glaciário é coberto por um imenso cervunal que, no Verão, alimenta o gado transumante do Sabugueiro. Em solos de turfa, esta associação vegetal, em que o cervum domina, é formada por espécies próprias de zonas frias. Encontra-se em todo o planalto acima dos 1600 m, entre rochedos, em profundos covões ou em extensos vales. São sítios muito sensíveis e raros, com uma expressão única no país. Merecem todo o cuidado, quando percorridos.

 

Siga para montante ao longo da margem esquerda da Ribeira das Nateiras e atravessando par o outro lado pelas pedras, continue pelo cervunal até encontrar um caminho que, pela esquerda, o conduzirá a um enorme bloco de pedra denominado Lapão do Ronca.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Junto desta pedra parte um caminho que segue ao longo da encosta através do Covão das Lapas e Vale da Barca situados à esquerda, com cervunais juncados de lapas (blocos erráticos), descendo para o Covão dos Conchos (1690 m).

 

Esta pequena barragem desvia as águas para a Barragem da Lagoa Comprida através de um túnel com 1519 m de comprimento.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Suba pelo caminho até uma área denominada Charcos a 1605 m.

 

Pequeno planalto semeado de charcos (lagoas glaciárias), que na Primavera se cobrem de ramúsculos de flor branca, e no Verão servem de bebedouro aos gados transumantes. As águas paradas e as temperaturas baixas destes locais, permitem uma decomposição lenta e imperfeita de espécies de flora e fauna, que se vão depositando no fundo, em camadas de sedimentos que se sucedem no tempo. As lagoas vão desaparecendo e os cervunais ocupam o se espaço.

 

Siga pelo caminho onde encontrará, à esquerda, duas pequenas lagoas e poderá visitar a Lagoa Comprida – 1580 m.

 

Esta era um antigo glaciar com 1 Km de extensão. Aproveitando o covão, iniciou-se em 1912 a construção da barragem. Em 1914 tinha uma altura de 6 m e em 1934 atingia os 15 m. Atualmente, desde 1965, tem uma altura de 28 m. É uma barragem do tipo gravidade, formada por três arcos de alvenaria de granito com 1200 m de desenvolvimento. A albufeira tem a capacidade de cerca de 12 milhões de m3 de água, e inunda uma área de 800.000 m2. Aí desaguam dois túneis: o do Covão do Meio com 2354 m, que desvia a água das encostas da Torre, e o do Covão dos Conchos com 1519 m que desvia as águas da Ribeira das Naves.

 

A partir da Lagoa Comprida, acompanhe a linha de água que vai ao Covão do Forno.

 

Daqui, continue em direção à Lagoa Sêca.

 

Andando mais um pouco alcançará a Lagoa Redonda.

 

Siga agora a linha de água e encontrará de novo a Barragem do Lagoacho.

 

Depois de contornar esta lagoa voltará ao ponto de partida junto ao paredão.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Peixe e a Pesca nas Lagoas
 

A realidade das comunidades piscícolas das lagoas corresponde principalmente à truta arco-íris (oncorhynchus mykiss) e ao escalo-do-Norte (euciscus carolitertii).

 

A existência do escalo a esta altitude é surpreendente já que no rio Zêzere apenas foi detetado até aos 1000 m.

 

Por outro lado, as características da água acima dos 1500 m, nomeadamente as temperaturas baixas e a elevada quantidade de oxigénio dissolvido, são propícias à truta arco-íris. Esta é semelhante à truta do rio, distinguindo-se da mesma principalmente pela coloração e pelas escamas mais pequenas.

 

O escalo-do-Norte (Bordalo) possui um corpo alongado de cabeça grande com boca relativamente pequena.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
FLORA
 

Hoje coincidente com a Reserva Bio-Genética da Serra da Estrela, o andar superior da Serra da Estrela é uma fóia botânica que necessita preservação. Assim, durante o passeio, deixe as plantas como as encontrou.

 

A elevada altitude da Serra da Estrela condiciona uma zonação bem marcada e particularmente interessante da vegetação, permitindo diferenciar três andares com diferenciação de plantas. São eles:

 

- Andar basal, de acentuada influência mediterrânica, até aos 800-900 m.

 

- Andar intermédio, domínio do carvalho-negral (Quercus pyrenaica), desde os 600-800 m até aos 1600 m.

 

- Andar superior, domínio do zimbro (Junipers Communis), acima dos 1600 m.

 

É este último patamar que corresponde à zona de existência das lagoas e dos circuitos propostos.

 

 

Os Zimbrais
 

O zimbro é a planta de maior expansão aqui, devido à facilidade de propagação das suas bagas.

 

A caldoneira (Echinospartum lusitanicum) costuma revestir a base e as fissuras dos rochedos ou monólitos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
Os Cervunais
 

No fundo dos vales da parte cimeira da Serra, locais de maior retenção de água, aparecem os cervunais que podem ser secos (Galio-Nardetum) ou húmidos (Junco-Sphagnetum compacti) conforme a maior proximidade de água.

 

Os primeiros podem ser vistos na Nave de Santo António, no Covão do Boi, no Vale do Conde e no Vale de Loriga, assumindo sempre um aspeto verdejante. E os segundos junto de lagoas como a Comprida.

 

Os cervunais assumem papel importante no pascigo dos rebanhos.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
Os Arrelvados
 

A degradação dos cervunais devido ao sobrepastoreio favorece a ação da erosão pela água escorrente determinando a abertura de clareiras com uma camada fina de saibro granítico. Estas clareiras são colonizadas pelo Arenario-Cerastietum ramosissimi.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
Comunidades Rupícolas
 

Nos locais dos enormes rochedos, como os Cântaros as condições de sombra tornam possível uma vegetação muito rica.

 

Nos desfiladeiros e nas zonas de maior frescura encontram-se a maioria dos endemismos e orótifos mais notáveis da Serra da Estrela. O Vale da Candieira, descendo até à Lagoa da Paixão é um bom exemplo.

 

 

Comunidades Lacustres
 

A vegetação flutuante ou marginal das Lagoas é extremamente curiosa podendo encontrar-se plantas como a fava-de-água (Menyanthes trifoliata) e a Antinoria agrostidea (por exemplo na Lagoa da Paixão) e um endemismo ibérico.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 
 
 
 
 
FAUNA
 

 

Anfíbios
 

Rã verde (Rana perezi)

 

Espécie típica das lagoas, dos charcos e dos ribeiros de correntes fracas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rã-castanha (Rana ibérica)

 

É um endemismo do Noroeste da Península Ibérica típico dos ribeiros de águas límpidas e correntes fortes.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rela

 

Espécie típica das pequenas lagoas e charcos. Durante a época da reprodução, ao fim do dia e durante a noite, os machos cantam para atrair as fêmeas, formando-se grandes coros (fim da Primavera).

 

Sapo

 

Deteta-se principalmente em terra, debaixo de pedras deslocando-se à água apenas na época da reprodução, para aí depositar os seus ovos.

Nas zonas de maior altitude há uma maior abundância do sapo corredor. Nas de menor altitude encontra-se mais o sapo comum.

 

Tristão-de-ventre-laranja (Triturus boscai) e Tristão-marmorado (Triturus marmoratus)

 

Encontram-se essencialmente à noite em charcos onde se reproduzem e alimentam.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Salamandra

 

Detetável essencialmente à noite quando vai depositar as suas larvas em ribeiros.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
Répteis
 
 

Lagartixa-da-montanha (lacerta montícola)

 

Apenas existe no Planalto Central da Serra da Estrela e corresponde a uma população única no mundo, sendo mais abundante nas zonas de maior altitude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Lagarto-de-água

 

Encontra-se por todo o Planalto Central mas é mais abundante nas zonas de menor altitude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Cobra austríaca (Coronella austríaca)

 

Apesar de se tratar de uma cobra rara em Portugal, pode ser encontrada na Serra da Estrela geralmente acima dos 1900 m de altitude.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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