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Personalidades nos Descobrimentos

 

 

 

Infante D. Henrique
 
 
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Zuraca, in crónicas da conquista de Ceuta

 

D. Henrique será senhor da Covilhã – “pela grandeza do trabalho que filhou em todos estes feitos assim na armação que fez no Porto, como no trabalho e perigo que houve no dia que filhamos a cidade”

 

Porto, 1349-1460 (?)

«O Senhor da Covilhã»

 

Aquele que é considerado o iniciador da expansão marítima portuguesa teve também premonitoriamente como seu primeiro título nobiliárquico o de «Senhor da Covilhã». Esta terra da Serra da Estrela é-lhe doada em Tavira pelo pai, Rei D. João I. Esta doação acontece após a também primeira conquista portuguesa conseguida além-mar, neste caso, a grande porta entre o Atlântico e o Mediterrâneo; Ceuta (1415). O Infante tinha apenas 21 anos.

 

O avanço para esta cidade africana significa a génese de uma grande epopeia que levou uma forma de civilização e de cultura aos cinco continentes.

 

Depois de Ceuta, dá-se o descobrimento do arquipélago da Madeira (1419-1420), as expedições militares portuguesas ao das Canárias (1424), a redescoberta dos Açores (1427). Sob o comando do Infante, a saga continua agora em 1434 quando Gil Eanes dobra o Cabo Bojador e em 1436 com o atingir do rio do Ouro. Em 1440, é nomeado pelo rei D. Afonso V, fronteiro mor da Beira, o que inclui toda a Serra da Estrela. Em 1441, é atingido o Cabo Branco e em 1444, o Cabo Verde. Em 1460, ano da sua morte, são atingidas as ilhas de Cabo Verde e na costa africana, a Serra Leo.

 

O Senhorio da Covilhã é criado em 1415 pela primeira vez por D. João I, para ser doado ao Infante. A partir daí e até à sua morte, D. Henrique constituirá uma enorme e poderosa casa senhorial englobando toda a atual região da Serra da Estrela. Como outros decisivos vultos das navegações que lhe seguiram, ficou o nome do Infante para sempre ligado a estas terras.

 

 

 

 

PÊRO DA COVILHÃ
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(Covilhã, 1450 a 55 – ETIÓPIA, cerca de 1530)
 

 

A Imagem da aventura portuguesa

 

Primeiro grande explorador europeu das Costas da Arábia, da Índia e Oriental de África, fê-lo cumprido ordens do rei D. João II no sentido de preparar a viagem de Vasco da Gama.

 

Contemporâneo de Cabral, era natural da cidade da Covilhã na altura vila, situada a 20 Km, de Belmonte.

 

Pêro da Covilhã é o símbolo e expoente da aventura que representou a expansão quinhentista.

 

Partiu muito jovem para Castela e cerca de 1467-68 (data do nascimento de Cabral) estava ao serviço do Duque de Medina Sidónia como moço de esporas, terá sido em Sevilha que aprendeu a língua árabe.

 

Cerca de 1475, é cedido como escudeiro ao rei D. Afonso V de Portugal, que assim o admitiu na casa real. Nesta qualidade participa na batalha de Toro, apoiando a pretensão do rei português ao trono de Castela. Em 1481, passa a servir D. João II que utiliza as suas aptidões com as armas e a fluência da língua castelhana. No início de 1487, o rei acreditava numa passagem de Sueste que permitiria a ligação entre o mar Oceano (o Atlântico) e o Índico. O objetivo era as naus portuguesas pudessem aportar à Índia e aos centros das especiarias.

 

Para Concretizar essa determinação, D. João II envia a Bartolomeu Dias para atingir essa passagem, via Costa Ocidental africana. Simultaneamente, incumbe Pêro da Covilhã (e Afonso de Paiva) de recolher informações sobre a Costa Oriental de África, o reino custão de Preste João e a Índia. A tarefa concreta de Pêro da Covilhã era a de uma passagem entre o Índico e o Atlântico; reconhecer as margens do Índico; identificar as zonas produtoras das especiarias (pimenta, cravo e canela) e os seus principais centros produtores e finalmente conhecer as principais redes comerciais de Oriente. Assim, Pêro da Covilhã parte em 1487 para Valência e Barcelona (Espanha). Daqui navega para Nápoles (Itália).

 

Passa à ilha de Rodes (Grécia) e a Alexandria e Cairo (Egito).

 

Disfarçado (falava árabe), integra uma caravana muçulmana que se destinava à Arábia. Passa para o porto africano de Suaquém (no mar vermelho) e chega à costa da Arábia em Aden. Até ao princípio de 1499, Pêro da Covilhã visita a costa ocidental da Índia (Cananor, Calecute e Goa) e Ormuz, no golfo Pérsico.

 

Concluída a missão de espionagem económica na Ásia, o escudeiro visita toda a costa africana entre Zeila (no golfo de Aden) e Sofala (na costa de Moçambique).

 

Regressou ao Cairo em 1491. Aí encontra novos emissários de D. João II a quem transmite os dados recolhidos e a quem informa que os navios portugueses que entravam no Atlântico sul poderiam dirigir-se ao Índico, atingir Sofala ou a ilha de Madagáscar e daí passar às importantes cidades das especiarias na Índia. Após entregar a carta para D. João II, Pêro da Covilhã segue para Ormuz com um dos emissários do rei (o rabino judeu Abraão) visitando Jeddah (na costa da Arábia) e as cidades santas do Islão, Meca e Medina. Daí, prossegue para o Monte Sinai e no final de 1492 (ou início de 93) inicia a visita ao reino do Preste João: a Etiópia, em África.

 

As informações que enviou foram determinantes para a certeira viagem em que Vasco da Gama descobre o Caminho Marítimo para Índia. O próprio Camões, nos Lusíadas, considerou as viagens de Pêro da Covilhã o facto capital do reinado de D. João II.

 

Pêro da Covilhã tornou-se assim um dos iniciadores decisivos para presença portuguesa no mundo; primeiro explorador europeu das costas da Índia e África Oriental; contribuidor para a descoberta do caminho marítimo para a Índia; iniciador das relações mais fáceis entre a Europa e o Oriente; iniciador do relacionamento com o reino cristão do oriente africano (a Etiópia e o Preste João.

 

 

CAMÕES

Sobre Pêro da Covihã

 

Viram gentes incógnitas e estranhas

Da Índia, da Carmânia e Gedrosia

Vendo vários costumes, várias manhas,

Que cada região produz e cria,

Mas de vias tão ásperas, tamanhas

Tornar-se facilmente não podia,

Lá morreram, enfim, e lá ficaram,

Que à desejada Pátria não tornaram.

 

Lusíadas in Canto IV

 

 

 

 

Mestre José Vizinho
 
Navegação Astronómica
 

 

A grande invenção do séc. XV foi a descoberta da navegação astronómica.

 

Logo na fase inicial da expansão marítima portuguesa acontece a exploração progressiva da costa ocidental africana em direção ao sul. Com a aproximação da linha do equador, o habitual modo de orientação dos navios através da estrela polar, deixava de ser aplicável. Torna-se fácil imaginar a dificuldade de orientação de uma nau em pleno Atlântico, sem vista de terra, sem as referências estrelares já conhecidas, em latitudes nunca antes atingidas. A fase decisiva do início das grandes navegações teve de passar pelo avanço da ciência náutica. D. João II mandou então seus cosmógrafos tentar descobrir um método eficaz para determinar as latitudes em qualquer ponto do mar.

 

O judeu covilhanense José Vizinho, também médico do rei, foi o responsável pela original aplicação de um método que desde o séc. XIII tinha sido estudado na escola astronómica de Toledo.

 

José Vizinho, parte para sul ao longo da costa de África até latitudes próximas do equador. A latitude podia ser determinada a partir da medição da altura do Sol na sua passagem pelo meridiano do lugar; uma vez conhecida a declinação do Sol na sua passagem pelo meridiano do lugar e também a declinação deste no dia de observação, para medir a sua altura, adaptou-se o astrolábio. Estas experimentações acontecem em 1485 e revolucionam completamente a possibilidade de orientação marítima, tornando possível a qualquer nau estar em qualquer ponto dos hemisférios norte ou sul. Passam também a revelar Portugal com uma supremacia total, que a própria Espanha reconhecia, no que respeita à ciência náutica, à prática de navegar e ao conhecimento da geografia.

 

Mestre José Vizinho, originário da importante comunidade judaica da Covilhã, cidade estabelecida no sopé da Serra da Estrela, estudou em Salamanca onde foi aluno do professor de Astronomia Abraão Zacuto. Daí também a sua grande preparação científica e o ser escolhido como cosmógrafo por D. João II.

 

Zacuto, expulso de Espanha pela ação do inquisidor Torquemada, emigra para Lisboa e publica em 1496 o «Almanach Perpetum Celestium Motuum». Este foi um dos 4 primeiros livros publicados em Portugal após a invenção da imprensa e a primeira a utilizar os tipos soltos do sistema Gutemberg. Essa obra foi editada e traduzida de hebreu para latim e castelhano por José Vizinho, que já conhecia as tabelas solares manuscritas, desde 1483. As tabelas de declinação do sol aí descritas eram usadas pelos capitães e pilotos nas suas naus.

 

Cristóvão Colombo, amigo do cosmógrafo, nas notas da sua viagem para a América, mostra bem quão importante era a técnica de Vizinho deixando referências registadas em notas escritas. Provavelmente, deve-se a Mestre José a tábua única editada no Guia de Munique.

 

Dia a dia, passou a ser possível avaliar a latitude atingida pelo navio e Vizinho provou igualmente que a navegação sobre e a sul do equador era praticável. Da mesma forma, a consequente prática da navegação provou que as tabelas por si elaboradas para marinheiros, eram excelentes para aplicarem todas as latitudes (D. W. Waters). Uma tábua (tabela) sua serviu aos navegantes de 1485 a 1497, tendo sido usada também por Colombo e Bartolomeu Dias. Colombo esclarece mesmo que das observações de «mestre José, físico e astrólogo» se obtiveram resultados muito interessantes acerca da extensão do arco do meridiano terrestre, que aliás diz ter pessoalmente confirmado.

 

O astrolábio náutico tornou-se um aparelho de conceção portuguesa apesar de derivado do astrolábio planisférico.

 

Como cosmógrafo, Vizinho auxiliou o seu conterrâneo Pêro da Covilhã na elaboração de um globo terrestre para este explorador e participou na reunião onde Cristóvão Colombo apresentou o projeto de atingir a Índia, a D. João II. Finalmente, Mestre José Judeu (Vizinho) desenvolveu o primeiro astrolábio, ainda que rudimentar (teve a colaboração de mestre Rodrigo e Martin Behaim) com que «tão rusticamente começou esta arte que tanto fruto tem dado ao navegar». Segundo João de Barros, este astrolábio de madeira era «pau de três palmos de diâmetro, o qual armavam em três paus à maneira de cábrea por melhor seguir a linha solar, e mais verificada e distintamente poderem saber a verdadeira altura daquele lugar».

 

José Vizinho deve ser considerado um dos maiores responsáveis pela revolução da náutica astronómica como medida decisiva para orientar a navegação.

 

«O rei de Portugal enviou à Guiné no ano do Senhor de 1485, mestre José, seu físico e astrólogo, para observar a altura do Sol em toda a Guiné o que fez e comunicou ao dito Sereníssimo rei, estando eu e outros presentes a 11 de Março …

 

Mais tarde, o mesmo Sereníssimo Rei enviou ainda e muitas vezes observadores a outros lugares da Guiné (…) e encontrou os respetivos resultados sempre de acordo com mestre José…»

Cristovão Colombo

 

 

 

 

 

 

Rui Faleiro
 
Covilhã, Sec. XV (1544)
 

 

«E havendo neste tempo ido Rui Faleiro a um lugar de Portugal, de onde era natural (Covilhã), a curar-se de certa enfermidade prenderam-no e tomaram-lhe o que tinha, o que el-Rei sentiu muito e fez demonstração disso, pedindo com instância ao Rei de Portugal que o mandasse pôr em liberdade e restituir-lhe os bens, o que logo foi feito». (Herrera, 1522).

 

“… Colombo descobriu a América com base nas informações de Faleiro: «e que foram suas as descrições com que o Almirante Colombo se determinou a fazer certo este descobrimento e novo mundo»” (Diego Cisneros, 1618).

 

“ a alucinação cosmográfica de Colombo descobriu a América; e a de Faleiro ia descobrir a passagem do Atlântico para o Pacífico mostrando a rota da circum-navegação” (Oliveira Martins).

 

Sócio e mestre (segundo Oliveira Martins) de Fernão de Magalhães, Rui Faleiro planeou com este a viagem que se propunham fazer às ilhas das Molucas, centro do cravo e da noz.

 

Esta viagem resultou na primeira de circum-navegação à volta da Terra. Até hoje não foi apurado de que dos dois foi iniciativa. Tanto Magalhães como Rui Faleiro e o irmão deste foram colocar-se ao serviço do rei espanhol aliás, como já antes o havia feito Cristóvão Colombo. Esta situação ajuda a patentear como a ciência náutica portuguesa continuava bem à frente, podendo dizer-se que, no fundo, os avanços marítimos de Espanha eram feitos com base na técnica e ciência portuguesa.

 

Rui Faleiro esteve assim, com Magalhães, na preparação de uma grande operação marítima o que lhe valeu, inclusivamente, a prisão num Portugal que não perdoava a quem fosse ao estrangeiro transmitir ou promover conhecimentos náuticos. E Faleiro tinha muitos.

 

É que enquanto Magalhães foi tornado navegador e soldado por seis ou sete anos de trabalhos, Faleiro era um grande homem na cosmografia, astrologia e outras ciências humanas, que vivia na Serra da Estrela, na Covilhã e nunca viajara nem possuía dotes militares nem audácia de aventureiro.

 

Exilados em Sevilha desde 1517, Magalhães e Rui Faleiro apresentam-se logo em 1518 na corte de Carlos I, em Valladolid, onde os dois assinam a contrata com o rei, acordo que lhes garante gratas condições e vantagens desde que a grande viagem tenha sucesso.

 

Sobre a viagem, enquanto as tarefas de Magalhães respeitavam à armação da frota, o recrutamento da tripulação e a provisão de armas, equipamentos e víveres, as de Faleiro dirigiam-se à organização das cartas geográficas e trabalhos de carácter científico.

 

Ainda em 1518 o rei espanhol elevou-os a Comendadores da Ordem de Santiago enquanto o português, D. Manuel, tudo fazia para que o projeto concebido derrocasse e que os dois organizadores regressassem a Portugal.

 

De carácter irrascível, Rui Faleiro acabou por não acompanhar Magalhães mas deixa para sempre o seu nome ligado àquela que acabou por ser a primeira rota de circum-navegação marítima do globo.

 

 

 

Francisco Faleiro
 
Covilhã, Sécs. XV-XVI

 

Irmão do sócio de Fernão de Magalhães, Francisco Faleiro foi o cosmógrafo que mais desenvolveu os estudos para a avaliação da longitude em pleno mar.

 

José Vizinho tinha já, em final do séc. XV, conseguido desenvolver a ciência para a análise da latitude.

 

Porém, continuava a ser necessário resolver problemas importantes da navegação.

 

Um destes, era a procura de um modo para a determinação da longitude do lugar pois completava os métodos já conhecidos, para determinar a latitude e permitir localizar as naus à superfície dos mares do globo.

 

Notável cosmógrafo, Francisco Faleiro deixou escrito o «Tratado del Esphera y del arte del marear»; com el regimieto de las alturas; cõ algûas reglas nuevamête escritas muy necessárias. A obra foi impressa em Sevilha em 1535 e representa um Guia Náutico em que o mais inovador é a exposição de três modos de obter a declinação magnética por observações solares (um quarto modo está errado). O tratado de Pedro Nunes só foi publicado 2 anos mais tarde.

 

E, 1517 junto com Rui Faleiro chega a Sevilha onde inicia a sua colaboração com o rei de Espanha e ajuda o irmão a organizar cientificamente a grande viagem de circum-navegação.

 

Tal como o irmão, não acompanhou Magalhães na grande viagem, embora tenha estado indicado por Carlos I para seguir numa expedição atrás da frota de Magalhães.

 

 

 

Diogo Álvares da Cunha
 
A Tomada de Ceuta
 

Frei Diogo Álvares da Cunha era covilhanense, neto da Rainha D. Leonor Teles e de João Lourenço da Cunha. Colaborou com o Infante D. Henrique na expedição que tomou a cidade de Ceuta e que para muitos marcou o início da expansão. As fontes publicadas sobre a Ordem de Cristo mostram que entrou para a mesma após esta expedição.

 

A 19 de Maio de 1426 esteve no capítulo geral de sua Ordem em Tomar. Após a Expedição às Canárias recebeu a Comenda do Castelejo e Castelo Novo. Em 1438 são-lhe atribuídos 15.781 reis de soldo pelo seu serviço em Ceuta.

 

Está sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, onde é visível uma lápide com inscrição.

 

 

 

Fernando de Castro
 
Ao Serviço do Infante
 

D. Fernando de Castro, Alcaide-mor da Covilhã, Senhor de Ançã, S. Lourenço do Bairro e do Paúl do Boquilobo, casou com D. Isabel Ataíde.

Pertenceu à Casa do Rei D. João I, a quem acompanhou na conquista de Ceuta. De regresso à pátria, é enviado como Embaixador de Portugal ao concílio de Constança (1416) e Castela (1423).

 

É nomeado Governador da Casa d Infante D. Henrique e este concede-lhe a alcaidaria-mor da Covilhã.

 

Seguiu no comando de uma expedição à Grã-Canária (1424). Participou ainda na malograda expedição a Tânger (1437), sendo enviado a Ceuta para negociar o resgate do Infante D. Fernando, onde foi atacado e morto por piratas genoveses em Abril de 1440.

 

 

 

 

Pedro da Covilhã
 
1ª Missa no Oriente
 

Frei Pedro da Covilhã foi capelão da armada de Vasco da Gama.

 

Primeiro mártir do Oriente, covilhanense que viveu no século XV, entrou para o convento da Ordem da Santíssima Trindade, em Lisboa, no ano de 1468 e ali permaneceu durante alguns anos.

 

Tendo conhecimento da viagem por mar à Índia sob o comando de Vasco da Gama, pediu para ser o confessor e capelão da armada.

 

Partiram de Lisboa a 8 de Julho de 1497 e desembarcaram em Calecute a 20 de Maio de 1498.

 

Terá sido o primeiro português a celebrar missa naquelas terras e a iniciar a evangelização do gentio, contudo rapidamente sucumbiu às mãos dos inimigos da Fé Cristã.

 

 

 

Rodrigo de Castro
 
Erudição e Fidalguia
 

D. Rodrigo de Castro foi Alcaide-mor da Covilhã.

 

Fidalgo da casa régia e Senhor de Valhelhas, foi nomeado membro do Conselho Real em 1487, criado de D. Afonso V, tendo vivido os principais acontecimentos militares, em Castela e em África, sendo remunerado com títulos e distinções.

 

Recebeu por testamento a alcaidaria-mor da Covilhã de seu pai, 1º conde de Monsanto, que faleceu na tomada de Arzila em 1471. O então Senhor da Covilhã, El-Rei D. Manuel, viria a confirmar esta atribuição em 1485 e novamente em 1495.

 

Cavaleiro e poeta, participou com outros nas justas de Évora, aquando dos festejos de noivado do Príncipe D. Afonso, filho de D. João II, D. Manuel depositava nele uma enorme confiança, escolhendo-o para representar Portugal numa embaixada do Papa Alexandre VI.

 

Casou com D. Maria Coutinho em 1473, da qual teve cinco filhos. D Rodrigo de Castro teve ainda vários filhos bastardos, entre os quais D. Cristóvão de Castro, que foi bispo da Guarda (sagrado em 1550), e faleceu em 1552.

 

D. Rodrigo de Castro faleceu no ano de 1543 e foi sepultado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na Covilhã.

 

 

 

Fernando de Castro
 
Coragem em Arzila
 

 

D. Fernando de Castro foi cavaleiro do Conselho d’El-Rei D. Manuel, Alcaide-mor do Sabugal e Alfaiates, senhor das terras de Santa Cruz de Riba-Tâmega, Lanhos, Cinfães e Resende.

 

Casou com D. Isabel de Castro, filha de D. Rodrigo de Castro.

 

Em 1509 partiu para Arzila como fronteiro. Acudindo ao repique que se fizera pelo ataque dos alcaides Baraxa e Almandarim, passou a porta da vila antes de fechada pelo porteiro, acompanhado apenas por dez homens a cavalo. Enfrentou a multidão dos inimigos mas não conseguiu sobreviver. O Conde de Borba, D. Vasco Coutinho, mandaria buscar o seu corpo, que foi enterrado na capela-mor de S. Bartolomeu. À data da sua morte já sucedera na Casa e alcaidarias do pai, mas não lograra da Alcaidaria-mor da Covilhã, anda que lhe tivesse sido prometida.

 

Os seus restos mortais foram mais tarde transladados e repousam juntamente com os do seu filho e sucessor, D. Diogo de Castro, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, na capela lateral (lado da Epístola), em túmulos mandados construir por sua esposa.

 

 

 

João Ramalho
 
Pai dos Bandeirantes
 

Terá ido para o Brasil por volta de 1510.

 

Apesar de casado canonicamente em Portugal, tomou como companheira a filha do chefe índio local, Tibiriçá, de quem teve uma numerosa prol.

Em 1530 identificou-se como covilhanense em declarações ao tabelião-comendador Lourenço Vaz.

 

Tornou-se colaborador do «capitão-do-mar-e-de-terra» Martim Afonso de Sousa. Por nomeação do mesmo capitão, foi ele feito Capitão-mor e Alcaide-mor de Santo André da Borba do Campo, vila que tinha fundado.

 

Desfrutou de largo prestígio e autoridade.

 

 

 

 

André Aranha
 
Bravura e Diplomacia
 

Procurador da Covilhã nas Cortes de Lisboa.

 

Serviu nas guerras do Norte de África, onde foi armado cavaleiro pelo capitão de Ceuta.

 

Nesta cidade ser-lhe-ia lançado igualmente o hábito da Ordem de Cristo, de que D. João III lhe fez mercê, bem como da comenda de S. Miguel de Rio de Moinhos, em 1569.

 

Alguns anos depois tomou posse da comenda de Santa Maria da Covilhã (por volta de 1578), onde passou a viver.

 

Em 1583 foi procurador às Cortes de Lisboa.

 

Faleceu em Fevereiro de 1597.

 

 

Francisco Álvares
 
Mártir do Brasil
 

Beato, patrono dos Cardadores, missionário, viveu durante o século XVI.

 

Antes de ingressar na Companhia de Jesus, foi cardador na Covilhã.

 

A 5 de Junho de 1570 embarcou para o Brasil com o Padre Inácio de Azevedo, a nau foi assaltada por Piratas, a mando do calvinista Jacques Sória, ao largo de Las Palmas. A viagem terminou a 15 de Julho, os missionários foram feridos, alguns mortos de imediato e atirados às águas. Francisco Álvares foi lançado ainda vivo ao mar.

 

Ficaram conhecidos como os «quarenta Mártires do Brasil» e foram todos beatificados em 1854, pelo Papa Pio IX.

 

 

 

Fernão Penteado
 
O Cerco de Diu
 

Natural da Covilhã que viveu no séc. XVI, rumou para o Oriente distinguiu-se na defesa de Diu, onde se escreveu uma das páginas mais gloriosas da história de Portugal.

 

No primeiro cerco de Diu, que começou em 6 de Junho de 1538, distingue-se, entre todos os heróis, Fernão Penteado pelos seus feitos heroicos relatados por Lopo de Sousa Coutinho, na sua «História do Cerco de Diu».

 

Umas poucas centenas de portugueses lutavam contra 19.000 inimigos, comandados por Coge Sofar. O ataque foi brutal e feroz. Lutou-se de dia e noite, em terra e no mar. Os muros da fortaleza ruíram com as bombardas do inimigo, mas os portugueses estavam dispostos a dar cara a vida. Apesar de diversas vezes ferido, o herói covilhanense, não desistiu de combater. Dos 612 homens de armas que defenderam Diu, restaram apenas 40 em estado de combater. Os assaltantes acabaram por desistir.

 

 

 

António de Sousa
 
Missionário do Japão
 

Jesuíta covilhanense, o Padre António de Sousa nasceu em 1589. Com apenas 15 anos entrou para o Colégio Jesuíta em Coimbra e cinco anos depois partiu para o Oriente, fazendo parte da expedição de 24 missionários, 11 dos quais portugueses.

 

Acabou os estudos em Macau e em 1616 seguiu até ao Japão, onde suspeitaram que era Jesuíta e foi desterrado. Foi alguns anos Procurador da Província do Japão.

 

Disfarçado de mercador por volta de 1628 voltou ao território nipónico e durante cinco anos andou numa barca a confortar os cristãos que lá existiam, incutindo-lhes coragem e fé para resistirem às durras provocações.

 

Em 1633 foi reconhecido, junto a Osaca, sendo preso. Foi submetido a «tratos de água», e depois, carregado de ferros foi levado a Nagasáqui e posto no tormento das covas no qual perseverou vivo sem comer coisa alguma ao longo de nove dias. Findo este período veio a ser executado a 26 de Outubro de 1633.

 

 

Simão Pinheiro Morão
 
Medicina no Brasil
 

Médico, filho do Advogado de origem judaica Henrique Morão Pinheiro e da Marqueza Mendes de Lucena, do Fundão, nasceu na Covilhã e foi batizado nesta cidade na Igreja de São Silvestre a 4 de Março de 1618.

 

Estudou medicina em Coimbra e Salamanca.

 

Entre 1649 e 1651 exerceu a profissão na Covilhã, passando depois por Lisboa e Almada. Perseguido pela Inquisição, que o torturou e à sua vista e dos outros irmãos fez arder o velho pai num auto-de-fé em 1668, fugiu para o Brasil, fixando-se no Recife em Pernambuco.

 

Escreveu, sob a autoria de «Romão Mosia Reinhhipo», anagrama do seu nome, sendo de destacar o seu «Tratado das Bexigas e Sarampo», impresso em Lisboa em 1683.

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