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O Banco da Covilhã

 

Factos e Figuras da História da Covilhã

 

O BANCO DA COVILHÃ

 

 

Criado em 1874, quatro anos após a elevação da Covilhã a cidade, constituiu a primeira instituição financeira aqui sedeada.

 

Começou por se instalar no edifício onde atualmente funciona o Lar de S. José, no Largo Eduardo Malta, tendo sido transferido para a Rua 1º de Dezembro, para o imóvel que veio a ser propriedade da Associação de Socorros Mútuos “Mutualista Covilhanense”, que ocupou até à sua liquidação, em 1933.

 

Foi constituído como sociedade anónima, de responsabilidade limitada, com um capital social de 1.500 contos, que poderia vir a ser elevado até 3.000 contos, dividido em ações, nominativas e ao portador, de 100$000 réis, tendo iniciado a sua atividade com um capital de 750 contos.

 

Foram seus instaladores os portuenses Manuel Joaquim Vieira Braga e Anastácio Gaspar Ferreira Leão, sócios da firma Vieira & Leão.

 

O Banco da Covilhã tinha por função realizar um conjunto de operações financeiras comuns às restantes instituições bancárias, nomeadamente a emissão de notas ao portador, o desconto de títulos, quer do Estado quer de estabelecimentos e repartições públicas; as transferências de fundos entre Portugal e outros países; a abertura de contas correntes de nacionais e estrangeiros; os empréstimos por contracto ou subscrição pública, tanto ao Governo como às câmaras municipais, às juntas de distrito e a particulares; a compra e venda de metais e pedras preciosas, de títulos da dívida pública, de ações de bancos e companhias ou outras de cotação oficial; os empréstimos sobre hipoteca, etc. Contudo, distinguia-se dos restantes porquanto previra nos seus estatutos “auxiliar, quanto possível, a indústria de lanifícios, proporcionando-lhe capitais, mediante boas garantias”.

 

Apesar de projetado para apoiar financeiramente a indústria local, foi constituído maioritariamente por acionistas do Norte do país, se bem que os seus corpos sociais tivessem sido preenchidos, ao longo da sua história, pelos covilhanenses de maior projeção industrial e financeira à exceção dos Campos Melo, que se circunscreveram meramente à posição de acionistas. Pelo contrário, o Comendador Marcelino José Ventura e, posteriormente, o Conde da Covilhã, o Comendador Francisco Nunes Marques de Paiva e o Visconde de Morão, para além de diversos membros da família Mendes Alçada, de que se destaca o Dr. José Mendes Alçada de Paiva, ocuparam posições estratégicas no controle do banco, bem como António Baptista Alves Leitão, para além de muitos outros.

 

No primeiro quinquénio da sua existência, o Banco da Covilhã dispunha de uma filial no Porto que, por irregularidades, erros detetados e quebra de confiança nos seus dirigentes veio a ser extinta em 1880 e transformada numa simples agência. Nos finais de 1882, o capital do Banco, no montante de 750.000$000 réis, era detido por 293 acionistas, proprietários de 3.852 ações nominativas, por 1.486 ações ao portador e por 2.162 ações detidas pelo próprio banco, localizando-se os acionistas maioritários (com mais de 50 ações) no Porto, em Braga, Fafe e Lisboa, sendo Francisco Cardoso Valente, do Porto, o maior acionista, com um total de 200 ações. Contavam-se ainda no grupo dos seus acionistas diversos bancos, nomeadamente o Comercial e o Mercantil, ambos de Braga, o Mercantil de Viana do Castelo e a Caixa de Crédito Penafidelense, de Penafiel.

 

Nos inícios dos anos 20 do séc. XX a casa bancária Borges & Irmão, do Porto passou nele a assumir uma posição acionista de relevo.

 

O Banco da Covilhã veio a encerrar em 1933, por um processo de liquidação, aprovado em Assembleia-geral, em 6 de Junho do mesmo ano, na sequência de um acentuado decréscimo da sua atividade financeira. Fizeram parte da sua comissão liquidatária a casa bancária Banco Borges & Irmão, representada pelo Engº Francisco Burguete, e Francisco da Silva Ranito.

 

Elisa Calado Pinheiro in Notícias da Covilhã

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