BAIRRO DE SANTO ANTÓNIO
O Bairro de Santo António, situado na encosta da Serra da Estrela, teve a sua origem nas Quintas de Santo António e Quintas da Ribeira de água Alta. Com início na Rotunda do Rato e o términus na Quinta da Serra, traça o seguinte percurso: Pinhal do Rato; Râmolas de Sol da Fábrica Sebastião da Costa Rato & Sobrinho; Quinta de Alberto Mendes Alçada; Quinta Leandro da Fonseca; Quinta das Canaveiras; Monumento de Nossa Senhora da Conceição; Pinhal de Nossa Senhora da Conceição; Quinta do Dr. João Megre; Quinta e Cerca do Convento de Santo António; Quinta do Capitão Baptista; Quinta de Álvaro Nunes; Quinta do Penedo; Carreira de Tiro; Quinta de João de Castro; Quinta da Fatela (Quinteira); Quinta de Ernesto Nunes; Fábrica de Bobines de Justino Serafim Borges; Quinta e Beco das Giestas; Quinta do Vieira; Quinta do Dias Neves; Quinta da família Paulo de Oliveira; Quinta do Portão de Ferro; Quinta de Artur Penha; Quinta de Charato Leitão; Quinta do Paixão; Beco da D. Georgina Leitão; Caminho do Nobre; Quinta da Nogueira; Bairro de D. Joaquina; Bairro da Fábrica Miraldes Mendes & Cª; Pomar do Gerente; Quinta do Forno; Quinta da Mata; Quinta D. Etelvina Saraiva; Fábrica Miraldes Mendes & Cª; Quinta do Pardal; Pinhal do Loriga; Ribeira de Água Alta; Quinta de Aires Penha; Quinta do Paixão; Quinta do Passarinha; Quinta do Lebre; Quinta das Capas e Quinta da Serra.
Nos finais dos anos 30, do século XX, a firma Miraldes Mendes & Cª comprou um terreno ao proprietário João Fernandes Loriga, situado nas Quintas da Ribeira de Água Alta para aí construir um bairro e um estendedouro para a sua fábrica. O bairro começou a ser habitado em 1943 e os seus moradores começaram a chamar-lhe Quintas de Santo António.
Nos inícios dos anos 60, do mesmo século, Srª D. Joaquina do Patrocínio Nunes mandou construir outro bairro na sua propriedade “Quinta da Nogueira”, onde também mandou construir um edifício para sede do Grupo Desportivo Victória de Santo António e uma residência para sua habitação. Passado algum tempo, após as casas terem sido habitadas, toda a população residente naquela área, começou a chamar-lhe Bairro de Santo António.
Este bairro era servido por um caminho sinuoso e estreito composto por terra e pedras.
Após o 25 de Abril de 1974 aquela população, com a colaboração da Câmara Municipal da Covilhã, resolveu alargar os caminhos e transforma-los em arruamentos e atribuir-lhes os seguintes topónimos: Rua Morais do Convento; Largo Mário Antunes; Rua Costa Camelo da Carreira de Tiro; Rua de Santo António; Travessa de Santo António; Beco das Giestas; Beco das Flores; Largo de Santo António; Rua Grupo Desportivo Victória de Santo António; Travessa de Joaquina Nunes; Travessa dos Compadres; Rua do Comércio; Travessa do Estendedouro; Rua da Amoreira e Estrada da Ribeira de Água Alta.
EDIFICAÇÃO DO “MONUMENTO DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO”
Com assento privilegiado na vertente sul do velho burgo covilhanense, situado na encosta da Serra da Estrela, num local onde existia um pequeno cabeço, cercado por um pinhal, terras de semeadura, um souto e um caminho sinuoso, estreito em terra e pedras, foi edificado o monumento em honra de Nossa Senhora da Conceição, “Nossa Senhora de Lourdes” nos finais da década de 90 do século XIX, cuja pilastra, com a imagem da Imaculada, foi assente num amontoado de pedras, com vista para a Covilhã.
Este monumento foi mandado construir por uma comissão, presidida pelo Padre João Rodrigues Moita, da qual faziam parte: o Padre Gregório Arroz; o Padre José Costa Tavares; o Padre Oliveira Pinto; a Câmara Municipal da Covilhã; o Sr. Cândido Augusto D’Albuquerque Calheiros, 1º Conde da Covilhã; o Dr. João Ferraz de Carvalho Megre; o Sr. Gregório Baltazar, entre outros.
Os principais beneméritos foram o Sr. Cândido Augusto D’Albuquerque Calheiros, Conde da Covilhã, que suportou a maioria das despesas e o Sr. Dr. João Ferraz Carvalho Megre que doou o terreno.
Este monumento que, faz parte da Paróquia de São Martinho da Covilhã, foi inaugurado a 10 de Outubro de 1904.
No lado norte do monumento estavam três lápides com estas inscrições “Sua Exª Rev. Ma o Sr. Núncio de Sua Santidade Monsenhor Júlio Tonti, concedeu uma vez por dia um ano de indulgências a todos os fiéis que devotamente recitarem uma Salve Rainha diante desta imagem da Virgem Imaculada”.
“Sua Eminência o Sr. Cardeal D. José III concedeu, 300 dias de indulgência aos fiéis que recitassem 3 Ave-maria perante esta imagem da Imaculada Conceição em honra de Maria Santíssima, Mãe de Deus e dos homens, de qualquer lugar que a vissem, devendo aplicar, pela conversão de algum pecador, aquelas ou outras preces que lhe sejam dirigidas”.
“Sua Exª Rev. Ma o Sr. D. Manuel Vieira de Matos, Arcebispo – Bispo da Guarda, concedeu 50 dias de indulgência a todos os fiéis que rezassem uma Avé-Maria quando avistem de qualquer parte, esta imagem de Nossa Senhora.
In “BAIRROS DA COVILHÔ de António Garcia Borges
O CONVENTO DE SANTO ANTÓNIO
A Província da Piedade, em Portugal, procede da de São Tiago de Castela, e foi fundada por Frei João de Guadalupe quando, em 1500, veio estabelecer o primeiro convento em Vila Viçosa. Desta Província franciscana separou-se depois a da Soledade, sendo geral frei Francisco Maria Rhini. Estes frades, por usarem um capuz, alto e terminado em pirâmide, eram conhecidos por frades capuchos.
O Convento de Santo António da Covilhã, juntamente com outros edifícios, que posteriormente se lhe juntaram, situa-se na extrema da montanha que se levanta ao Sul desta cidade. Frei Manuel de Monforte, referindo-se ao seu edifício, considera-o “pequeno e recolhido, mas com bastante firmeza e capaz de albergar os doze religiosos que o habitam”.
Foi este convento fundado em 1553, em virtude de um milagre que ocorrera nesse mesmo ano. O povo aluíra ao Convento de Nossa Senhora do Fundão, com grande fé, suplicando o fim da enorme seca que, então, estava assolando a região. E a intercessão de Santo António foi tal que, assim que lá chegaram os romeiros, começou a cair grande chuvada. Daí resultou maior devoção pelo Santo, que levou o povo a pedir aos frades capuchos que edificassem outro convento na Covilhã. Choveram igualmente dádivas, e o Provincial Frei Miguel de Abrantes fez a vontade ao povo devoto, escolhendo para o convento um local aprazível e de surpreendente panorama sobre a cidade e sobre a várzea da Cova da Beira.
A capela-mor foi executada pelo licenciado Mendo Cão, que ali teve s sua sepultura. Durante a construção do convento deram-se vários casos miraculosos. Certo dia, passou um carro de bois carregado de pedra sobre o homem que o guiava, chamado Francisco Giraldes, do que resultou ileso. Outro operário, de seu nome Pêro Fernandes, caindo-lhe um penedo em cima, nada sofreu. E enfim outro caso, e esse o mais conhecido e admirável, foi que, quando duas juntas de bois carregavam uma grande trave para sustentar o coro da igreja, ao começarem a subir a íngreme ladeira, lhes minguaram as forças, e dali não arrancaram por mais diligências que fizessem os boieiros. Calhou então passarem por ali uns garotos, que ao verem tal, disseram:
-Tomemos esta trave e com a ajuda de Santo António levemo-la para o Convento!
E, metendo sob a trave os seus cajados montanheses, eles próprios carregaram a trave, com tal desembaraço até ao local das obras, que logo foram considerados miraculados do Santo Seráfico.
Com as dádivas dos devotos e algum contributo do Rei D. João V, chegou a ter uma bela igreja, um claustro, casa do capítulo, biblioteca, fábrica de buréis, além de adega, celeiro e terras de regadio, dispondo de excelente água das fontes. Bem à maneira dos franciscanos, foi sóbria a construção e pobrinha a arquitetura do convento. A fachada principal, voltada a Nascente, foi há pouco tempo reconstruída pela UBI. O portal, de arco inteiro sobre colunas simples, tem sobreposto um brasão e um óculo, e está ladeado por dois nichos com santos. Ao alto, um campanário com pilastras, com dois sinos. Dois pórticos, um voltado a Norte e outro ao Sul, davam acesso a todo o interior. O claustro tem arcaria de algum valor, sotoposta a renques de janelas. Depois da usurpação liberal de 1834, sofreu o convento grave delapidação do seu património, com construções adventícias e reparações adulterantes. Antes de ser comprado pelo artista Manuel de Morais da Silva Ramos, serviu de quartel a um regimento, e a Câmara projetou ali construir o Hospital D. Amélia, cuja “primeira pedra”, e única, foi colocada quando da visita real de 1891.
Depois de novos proprietários, e de outros arrendamentos, o convento de Santo António está sob a alçada da Universidade da Beira Interior, que o reconstruiu e remodelou para ali instalar a Reitoria, Sala dos Atos, etc.
in História da Covilhã de José Aires da Silva