IGREJAS DA CIDADE
Por decreto de 19 de Fevereiro de 1851, ficou a Covilhã dividida em quatro freguesias: São Martinho, São Pedro, Santa Maria e Nossa Senhora da Conceição. Além destas freguesias da cidade, contam-se mais 23 freguesias no concelho, rondando a população global pelos 60.000 habitantes. A freguesia de Nossa Senhora da Conceição é, atualmente, a mais populosa, tendo em 1970 11.091 habitantes, número que baixou em 1980 para 10.711. Santa Maria, nos mesmos anos, baixou igualmente de 4.475 para 4.301, São Martinho de 5.968 para 5.344, e São Pedro de 3.636 para 3.356. As freguesias limítrofes de Aldeia, atualmente Vila do Carvalho, do Teixoso e do Tortosendo são as mais populosas, tendo aumentado, ao contrário das freguesias da cidade, a sua população – Em 1980, o Teixoso contava 3.979 almas, e a Vila de Carvalho 5.685.
As atuais freguesias englobam hoje outras mais antigas, com númerosas igrejas e capelas, muitas já desaparecidas. Assim, podemos mencionar os antigos templos de São Tiago, São Silvestre, São João de Malta e São João Martir-in-Collo, ainda hoje existentes, tal como a mais moderna consagrada a Nossa Senhora de Fátima. Outras há muito desaparecidas, como a de São Vicente, de São Salvador, Santa Marinha, Santa Maria Madalena, São Paulo, São Miguel, São Lourenço, Santo Estêvão, Santo André e São Bartolomeu.
Segundo Pinho Leal, em 1811, o concelho da Covilhã tinha 5.119 fogos, num total de 21.630 habitantes.
A Igreja de São Martinho presume-se que remonta, como outras congéneres românticas, aos fins do século XII. Mais pela sua antiguidade do que pelo seu valor arquitetónico, é considerada monumento nacional. Segundo a tradição é coeva de Afonso Henriques, e situava-se na praça principal do velho burgo, chamada por isso Praça de São Martinho, local onde hoje se encontra a Universidade da Beira Interior. Já no relatório dos Párocos de 1758, diz-se que esta igreja se situa fora da vila, “solitária”, constando de 68 fogos. Tinha então uma relíquia do Santo Lenho no altar de Nossa do Rosário, tendo dos lados a imagem de São Martinho Bispo de São Vicente de Paula. Estando muitos anos votada ao abandono, e mesmo prestes a ser demolida, foi graças ao pároco da freguesia, Joaquim dos Santos Morgadinho, e da ação do então Presidente da Câmara Dr. Luís Victor Baptista, que foi restaurada e aberta ao público em Junho de 1943. Foi-lhe, então, demolida uma torre, considerada fora da traça original. Nas paredes laterais, podem-se admirar pinturas sobre tela, muito deterioradas, representando cenas do Calvário, de época desconhecida. Na parede, junto ao altar-mor, há azulejos hispano-árabes, atribuídos ao século XVI. Dois quadros de grande valor, representando Santo Estêvão e São Lourenço, hoje na Câmara Municipal, pertenceram a esta veneranda igreja, por certo a mais antiga da Covilhã. Perto desta igreja situava-se a Capela do Senhor da Ribeira, donde saía antigamente a Processão do Santo Antão, demolida para dar lugar à nova Igreja de Nossa Senhora de Fátima, inaugurada em 13 de Junho de 1947, e que se ficou igualmente a dever ao incansável zelo do Padre Morgadinho (1900/1977), bem como à generosa contribuição do Industrial Padre Santos Marques.
A atual igreja de Santa Maria Maior, matriz da freguesia, que já foi a mais populosa da cidade, corresponde à reedificação na mais antiga igreja de Nossa Senhora do Castelo, efetuada segundo uma tradição, pelo Bispo D. Cristóvão de Castro, nos meados do século XVI. A antiga fachada seiscentista foi adulterada pelas reparações, efetuadas nos anos 1872/6 pelos Padres Grainhas, adquirindo um estilo barroco, com frontão contracurvado, com pilastras, um grande nicho ao centro com a imagem de Nossa Senhora, e uma torre sineira lateral. A fachada ostenta portais encimados por janelas com mísulas, e na reparação efetuada nos anos quarenta deste século, pelo seu pároco Dr. Joaquim Pereira Seco, foi revestida com painéis de azulejo, reproduzindo Virgens de Murillo, que desvirtuaram a antiga traça seiscentista. Datam dessa altura as pinturas do teto da autoria do professor de desenho da Escola Industrial António Lopes.
Sendo o templo mais importante da antiga vila, no seu adro se julgavam os pleitos pelo juiz e homens bons da terra. Possui esta igreja uma relíquia do Santo Lenho, oferecida pelo Infante D. Luís, quando foi Senhor da Covilhã. Segundo Francisco Giraldes, a custódia de prata, onde se guarda esta relíquia, foi feita em Braga no ano de 1749.
No memorial dos párocos de 1758, diz-se quinda que esta igreja pertencia ao Padroado Real, e a freguesia contava 3.720 pessoas maiores e mais 527 de menor idade. Atualmente, nos seus altares, há muitas imagens da Virgem, sob diversas invocações, além de uma notável imagem de São Francisco de Sales e de Santa Teresa de Jesus. Possui um quadro do século XVII, representando a Senhora da Boa Morte, e que pertencera ao Convento de Santo António. Pode nesta igreja também admirar-se uma escultura do Pintor Caldas, que representa a Ascensão da Virgem, bem como outra de autor desconhecido figurando Santa Rita, além de um pequeno mas rico museu de paramentos dos séculos XVII e XVIII.
A atual freguesia de Santa Maria engloba a antiga freguesia de São Silvestre, e na sua área situavam-se as ermidas de Santa Marinha, Senhora do Rosário, Santa Cruz e de São Sebastião, existindo atualmente apenas a de Santa Cruz, ao Calvário, de muita antiguidade, mas de reduzido valor arquitetural, com profusão de colunas simples a sustentarem o peso de alpendres rústicos. No interior, ostenta antigos painéis, muito deteriorados pelo tempo, e com tentativas de restauração, da autoria do pintor covilhanense Costa Montez e de José Moço.
A capela de S. Silvestre situa-se a Nascente, perto das Portas do Sol, e junto de uma antiga barbacã. Ignora-se a data da sua fundação, sabendo-se todavia que foi restaurada em 1728, ficando então com o altar do orago e mais dois, o de Santa Eufémia e o da Nossa Senhora da Saúde. De longa data, possuía uma confraria de Nossa Senhora da Saúde, que fazia uma festa todos os segundos Domingos de julho. No Largo de São Silvestre, que lhe fica ao pé, realizava-se antigamente a feira da louça de barro, onde avultavam as “bruxas”, fogareiro de barro, em forma de vaso, de base estreita, com muitos furos laterais em seu bojo, e que servia tanto para assadouro, como para borralho. Por tal facto, e com algum chiste, chamava-se àquele lugar “Terreiro das Bruxas”. Durante muitos anos fechada ao público, a Igreja reabriu em 2 de Setembro de 1967, com a presença do Bispo da Guarda D. Policarpo da Costa Vaz. As obras orçaram então por 160 contos, tendo sido encontrados e restaurados azulejos hispano-árabes do século XVII, que atualmente formam um retábulo por detrás do altar. Conserva da sua primeira fundação a pia batismal em granito.
A atual freguesia de São Pedro tinha antigamente, como igreja matriz, a desaparecida Igreja de São Pedro, que se situava perto do lugar da Misericórdia e da Judiaria. Segundo se lia numa inscrição, o seu altar do Coração de Maria fora construído em 1616. Partia desta igreja, a tradicional Procissão do Senhor aos Enfermos.
A Santa Casa da Misericórdia da Covilhã procede da extinta Irmandade de Nossa Senhora da Alâmpada, que em 1213 fundara um hospital para pobres enfermos. Na fachada axial da igreja lê-se a data de 1601, mas no memorial dos párocos de 1758 diz-se que esta igreja terá sido construída um ano depois da restauração de Portugal. O seu estilo barroco foi de alguma forma desvirtuado pelas reparações efetuadas nos meados do nosso século, levantando-se a torre acima do traçado primitivo. O frontão é ornado com as imagens angélicas das três virtudes, a Fé, a Esperança e a Caridade. No princípio deste século, o hospital passou para o lugar do Calvário. No plano de modernização da cidade ainda hoje em curso, há um protocolo que prevê a demolição desta igreja, dada a pobreza da sua arquitetura e desvirtuada a sua construção. O povo da Covilhã não se conformou com este propósito, e a Igreja da Misericórdia é hoje património nacional. Sai daqui a Procissão do Enterro do Senhor bem como a do Senhor dos Passos. A imagem do Senhor dos Passos, que pertence a este templo, foi levada pelo povo, quando das invasões francesas, para a serra, só regressando ao seu lugar após a debandada do inimigo.
A freguesia de São Pedro englobava antigamente as freguesias de São João de Malta, Santa Maria Madalena e São Tiago.
A velha igreja de São Tiago reedificada no primeiro quartel do século XVIII pelo prior Manuel dos Santos Basto. No seu largo fazia-se a feira de São Tiago, também chamada feira dos queijos, que passou para o Largo de São Francisco, chamado depois de D. Maria Pia.
A pedido dos Padres Grainhas, os Jesuítas estabeleceram-se na Covilhã em 1871, com uma Casa da Ordem, no Largo de Santa Maria. O Prior de São Pedro facultou-lhes depois a antiga Igreja de São Tiago, que eles demoliram para construírem uma nova igreja, consagrada ao Coração de Jesus, e que foi aberta ao culto em 1877. Com o advento da República, os Jesuítas foram expulsos da sua igreja, que viria a ser posteriormente utilizada e profanada como celeiro, armazém, cavalariça e, finalmente, tribunal. Em 1942, um incêndio devastou o edifício, vindo depois as suas ruínas a ser entregues aos antigos donos, que reconstruíram o templo, abrindo-o de novo ao culto em 1952. Mas já antes, em 1931, os Jesuítas tinham aberto um colégio para rapazes, chamado Colégio Nuno Álvares, onde sobressaíram professores padres, muito populares, como o Padre Cunha e o Padre Lopes. Com a abertura do Liceu Heitor Pinto, foi o colégio jesuíta compelido a suspender o ensino, dedicando-se unicamente à catequese e à formação cristã da juventude, que ali desfrutava igualmente de jogos nas horas de lazer. Em 1888, construiu-se, junto a esta igreja, a Torre de São Tiago, elemento de relevo na paisagem da Covilhã.
A Capela de São João da Malta, sendo um templo de reduzido valor arquitetural, é não obstante rica de historicidade cristã. Pertenceu à Comenda da Ordem de Malta, ordem esta que data do século XI. Por cima do altar, tem um quadro alusivo ao Batismo de Cristo, atribuído ao pintor covilhanense Costa Montez.
A Covilhã, terra de muita devoção, foi pátria de muitos Bispos. D. Cristóvão de Castro (Século XVI) foi Bispo de Guarda. Diogo Seco (1574/1623) foi Bispo de Niceia e Patriarca da Etiópia. D. José Valério da Cruz, oratoriano, foi sagrado Bispo de Portalegre em 1799. D. Frei Ângelo de Nossa Senhora da Boa Morte, franciscano, (1777/1852) foi Par do Reino e Bispo de Elvas. D. Manuel Damasceno da Costa (1867), doutor em Teologia pela Universidade de Coimbra, é sagrado Bispo da Angra em 1915. D. José do Patrocínio Dias (1884/1965), Bispo de Beja, inaugurou a Sé Catedral daquela cidade alentejana em 5 de Junho de 1937, e o Seminário Diocesano em 1940. Finalmente, D. José da Cruz Moreira Pinto (1887/1964), natural do Tortosendo, foi sagrado Bispo de Viseu no ano de 1928, tendo-se notabilizado como orador sagrado.
In, História da Covilhã de José Aires da Silva
A Igreja da Misericórdia
A igreja da Misericórdia foi reedificada na segunda metade do século XVII, sobre um primeiro templo construído em meados do século anterior.
Trata-se de uma igreja de planimetria maneirista, composta por nave única e capela-mor mais baixa e estreita, com torre sineira adossada do lado esquerdo.
Na década de quarenta do século XX, a igreja foi restaurada segundo a orientação do arquiteto Bernardino Coelho. No entanto, a fachada principal terminada em frontão triangular e rasgada por eixo de vãos de modinatura barroca, não foi alterada. Destacam-se nesta fachada as imagens da Fé, da Esperança e da Caridade.
No interior, o retábulo-mor da talha a branco, é um revivalismo, mas integra elementos do retábulo executado no século XVII, por André Dias e Valério Aires. Os tetos foram pintados, aquando da última reconstrução da igreja, por António Lopes e os painéis e telas da capela-mor executados, em meados do século XVIII, por José Botelho.
A igreja da Misericórdia está classificada como imóvel de interesse público desde 1997 (IIP-Decreto nº 67/97, DG nº 301 de 31 Dezembro 1997)
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela Românica de São Martinho
A capela de São Martinho é presentemente o edifício mais antigo da cidade.
Foi edificado durante os séculos XII/XIII, sendo a sua fundação atribuída a Fuas Roupinho. No “Catálogo das igrejas, mosteiros e comendas do reino”, de 1320, surge taxada com 75 libras.
É ima igreja de tipologia românica e mudéjar, com uma fachada singular devido à relação entre o portal e a janela. O portal principal é flanqueado por colunelos com capitéis ornados com motivos fitomórficos. Tem tímpano vazado por quadrifólios e é sobrepujado por fresta com estrutura semelhante. No remate da empena surge a cruz de Malta.
O interior é lajeado e possui arco triunfal de volta perfeita, ladeado por altares revestidos a azulejo mudéjar. Encontram-se ainda vários vestígios de frescos com figuração sacra.
A capela de São Martinho está classificada como imóvel de interesse público desde 1963 (IPP-Decreto nº 45327, DG nº 251 de 25 de Outubro de 1963).
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja de Nossa Senhora de Fátima
A igreja de Nossa Senhora de Fátima foi construída, em grande parte, graças à ação dos padres Joaquim dos Santos Morgadinho e Alfredo Santos Marques, tendo sido inaugurada em Julho de 1947.
A tipologia deste templo segue em esquema maneirista por ter sido edificado no local onde em 1730 se ergueu a capela do Senhor da Ribeira, com a mesma traça, posteriormente destruída.
À semelhança da antiga capela, a fachada principal é circunscrita por pilastras e cornijas e rematada por frontão que por sua vez é extravasado pelo frontão contracurvo do janelão, conseguindo-se maior monumentalidade ao flanquear a fachada por duas torres.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja de Nossa Senhora da Conceição
A igreja de Nossa Senhora da Conceição foi, inicialmente, uma igreja conventual, integrando um convento franciscano masculino.
O convento de São Francisco instalou-se naquele local em meados do século XIII. No reinado de D. Fernando foi concebida uma mercê régia para a construção da igreja.
No século XVI são abertas no cruzeiro da igreja duas capelas tumulares pela família dos Castros.
Cinco anos após a extinção do convento a igreja torna-se na matriz de uma nova paróquia que vai aglutinar outras então desaparecidas. Sucede-se uma séria de obras profundas e em 1884 inicia-se a construção da torre por António Saraiva e, no ano seguinte, as obras na fachada principal, acima do portal, foram arrematadas por António Mendes Coelho.
Em Fevereiro de 1886 é mandado construir o batistério e até final do século XIX são realizadas várias obras no interior da igreja e construídos anexos. Em 1935, é construído no anexo norte uma sala de teatro e um salão de conferências e, em 1948, são construídas as abóbadas revivalistas na nave da igreja, e coro-alto, da autoria do engenheiro covilhanense, Luís Felipe Ranito Catalão.
A igreja apresenta planta de cruz latina, com sacristia, anexos e torre adossados no lado direito e casa mortuária no lado esquerdo.
Na fachada principal resta da primeira edificação o portal gótico em arco quebrado com três arquivoltas e colunelos com capitéis decorados com motivos vegetalistas que se ocultam na imposta. O restante formulário decorativo da fachada é neobarroco com exceção dos nichos e janelão em arco quebrado.
No interior destaca-se o retábulo-mor com estilo nacional, a abóbada da capela-mor com caixotões pintados, retratando os emblemas do livro Schola Cordis, os túmulos quinhentistas, a capelo dos Terceiros com o seu retábulo joanino e o painel pintado com temas relativos à Ordem Terceira.
A igreja de Nossa Senhora da Conceição está classificada como imóvel de interesse público desde 1986 (IIP-Decreto nº 1/86, DG nº 02 de 3 Janeiro 1986).
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja de Santa Maria Maior
A igreja de Santa Maria Maior é a mais emblemática e a maior igreja da cidade. Foi construída no século XVI, sobre o templo medieval de Nossa Senhora do Castelo, por ordem do bispo D. Cristóvão de Castro. A igreja quinhentista possuía três naves e sete altares. Em 1627, procede-se a uma nova reedificação, sendo as obras arrematadas por António Marques pelo valor de 5.000 cruzados e, em 1667, fizeram-se novas obras segundo o desenho de José de Almeida. No século seguinte, em 1758, a igreja é descrita como tendo duas naves e sete altares. Nos finais do século XIX (1872-1886) a igreja de Santa Maria Maior volta a ser alvo de profundas obras que lhe alteraram a tipologia. A empena contracurvada é da responsabilidade do padre Francisco Grainha, que suporta financeiramente as obras em conjunto com o seu irmão, padre João Grainha.
Em 1899 inicia-se a construção da torre. Já no século XX, em 1942, procede-se a novo restauro profundo, o que não evita a queda do teto em 1943. Sucede-se o arranjo do mesmo e o revestimento da fachada principal com azulejos alusivos a temas Marianos, da fábrica Aleluia.
A igreja apresenta tipologia revivalista e neobarroca, plante longitudinal de nave única com capelas laterais à face e capela-mor mais baixa e estreita.
No interior é de realçar o retábulo-mor, em estilo rococó, trazido do extinto convento de Santo António e a imaginária ali existente, nomeadamente a de Nossa Senhora das Dores, Nossa Senhora da Boa Morte ou Nossa Senhora da Assunção, esta última da autoria de Castro Caldas.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de Santa Cruz
Capela quinhentista, vulgarmente conhecida por Capela do Calvário, situada já fora das muralhas, na parte mais alta da cidade. Desconhece-se ao certo o ano em que foi erguida, no entanto, a primeira referência conhecida remonta à Idade Média, constando no Livro Negro da Sé de Coimbra e serviu de penetração da Igreja de Coimbra nesta parte da serra. Alguns autores apontam para uma construção primitiva pelo Infante D. Henrique e mais tarde, nos finais do séc. XVI, restaurada pelo Infante D. Luis, filho de D. Manuel e pai de D. António, Prior do Crato.
A capela é de construção simples, granítica, estilo renascentista, composta de um corpo e capela-mor. O tecto é revestido por painéis de pinturas emolduradas por talha dourada, contendo cenas da vida de Jesus Cristo. Infelizmente devido aos furores do tempo e à inépcia humana, das 30 telas que preenchem o tecto, só sete delas guardam a sua pureza primitiva. No exterior, podem ainda observar-se dois alpendres, com colunas toscanas e um púlpito. Em frente à capela estão os muros envolventes da antiga Cidadela.
Capela de São Silvestre
A fundação da Capela de São Silvestre é atribuída a Fernão Feio e à sua esposa Maria Calvo, no entanto não existe, entre os vários autores, uma data consensual para a primeira edificação deste templo.
Em 1728 recebe obras profundas que lhe transformam a tipologia, ganhando feições maneiristas e barrocas. Nesta dará desaparecem também os arcossólios (túmulos parietais) que possuía nas paredes exteriores. Em 19 de Fevereiro de 1851, deixa de ser igreja matriz em virtude da paróquia ter sido extinta. No século XX, em 1967, são realizadas novas obras sendo retirados os retábulos laterais, reedificando o arco triunfal e substituído o soalho.
É uma capela de planta longitudinal, composta por nave, capela-mor mais estreia, sacristia e campanário de sineira dupla. Na fachada principal sobressia o portal de boa dimensão, com moldura almofadada, sobrepujado por frontão interrompido por cruz latina. No interior, mantém o painel de azulejos hispano-mouriscos colocados na parede testeira com perfil curvo.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de São João de Malta
A capela de São João de Malta foi matriz, da paróquia de São João e mais tarde da paróquia de São Pedro.
Pertenceu a uma comenda da Ordem de Malta, cujas insígnias são ainda visíveis no tímpano do frontão que sobrepuja o portal principal e na cruz que remata a empena.
Deverá ter sido construída durante o século XVI, apresentando tipologia maneirista e barroca. É uma capela de planta longitudinal composta por nava única e sacristia adossada à fachada lateral direita. A fachada principal apresenta vãos rasgados no eixo composto pelo portal, de lintel reto, sobrepujado por frontão triangular e óculo circular.
No interior destaca-se o retábulo-mor, com tribuna apresentando tela pintada com o batismo de Cristo da autoria de Bernardo Faustino da Costa Montez e a coroa da imagem de Nossa Senhora de Fátima, feita a partir de joias oferecidas pelos paroquianos em 1947.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja de Santo António
A igreja de Santo António é inaugurada em 1954 no bairro do Rodrigo.
Possui planta longitudinal de nave única e capela-mor mais estreita. A fachada principal, em empena, é circunscrita por pilastras com portal em arco de volta pe3rfeita, sobrepujado de três janelas longilíneas a que foi, posteriormente, acrescentado um exonartex. No alçado lateral esquerdo, apresenta um campanário de sineira dupla e um anexo, inaugurado em 9 de Abril de 1991, destinado a sacristia, sala de catequese e casa mortuária.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de Santo António
A capela de Santo António foi inaugurada em 1994, pelo bispo D. José Garcia, no mesmo local onde até 1966 existia um nicho da mesma inovação que fora edificado poe Manuel Martins Carrola.
Este templo de planta longitudinal, faz uso de uma linguagem arquitetónica contemporânea, onde predomina, entre outras formas geométricas, o uso do trapézio. A inovação de Santo António deve-se ao antigo convento Capucho existente nas imediações e presentemente transformado em reitoria da Universidade da Beira Interior.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja do Sagrado Coração de Jesus
A igreja do Sagrado Coração de Jesus é atualmente a matriz da paróquia de São Pedro, tendo sido edificada no mesmo local onde se erguia o templo medieval de São Tiago, um dos primeiros a ser construídos na Covilhã, doado ao mosteiro de São Jorge de Coimbra, em 1192.
Em 1875, após a compra do antigo templo, começou a edificar-se ali a igreja do Sagrado Coração de Jesus por ação dos Jesuítas, vindo a ser aberta ao culto em 1887. Durante a Primeira República, o templo foi confiscado à Companhia de Jesus para instalação dos Paços do Concelho, o que não se veio a concretizar, e em 1917 acolheu o Celeiro Municipal, sendo transformado em tribunal a 5 de Outubro de 1924. Em 1948 e após um incêndio, o edifício foi de novo adquirido pelos Jesuítas e procedeu-se à reedificação da igreja.
O atual templo, de tipologia modernista, deve o seu traço ao arquiteto Teotónio Pereira. É uma igreja de linhas simples, com a escassa decoração destacando-se a existência de grupos escultóricos, na fachada principal, da autoria de Joaquim Correia, representando o orago da igreja, o Sagrado Coração de Jesus, e os dois mártires Jesuítas da cidade: o beato Francisco Álvares e o padre António de Sousa.
No interior da igreja é de destacar a pintura do orago, inserida em mandorla, invocando as representações medievais da figura de Cristo, da autoria de Martins Barata.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de São João de Mártir-In-Colo
A capela de São João de Mártir-in-colo foi matriz de paróquia, mas encontra-se hoje adaptada a capela particular do Lar de São José. Poucos vestígios restam da sua construção medieval. De tipologia vernácula, apresenta planta longitudinal composta por nave, capela-mor e sacristia, no lado esquerdo.
Possui um imponente campanário seiscentista, que corresponderá a uma reedificação do templo. Na fachada principal, em empena, hoje muito descaracterizada pelo passadiço que a liga ao lar, é ainda visível a janela que sobrepujava o portal principal.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Igreja de São José
A construção da igreja de São José inicia-se em 1949 para servir a nova comunidade dos Penedos Altos, essencialmente operária, vindo a ser sagrada no dia 22 de Outubro de 1950, pelo bispo D. Domingos da Silva Gonçalves.
É uma igreja de planta longitudinal, composta por nave, capela-mor pentagonal, torre sineira, sacristia, no lado direito, e batistério pentagonal no lado esquerdo, atualmente desativado.
A fachada principal, em empena, apresenta vãos rasgados no eixo, composta por óculo e pelo portal de lintel reto protegido por alpendre de arco de volta perfeita como remata de empena.
No interior destacam-se os dois painéis de azulejo representando o batismo de Cristo e a Samaritana.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de Nossa Senhora do Refúgio
A capela de Nossa Senhora do Refúgio foi, segundo a tradição popular, mandada construir por Maciel, um liberal que fugia às perseguições miguelistas e que prometeu construiu uma capela, caso conseguisse escapar. A capela foi ampliada e reedificada pelo comendador José Mendes Veiga, que a doaria ao sobrinho Marcelino José Ventura que, por sua vez, a legou ao afilhado José Mendes Veiga de Albuquerque Calheiros.
Trata-se de um templo de tipologia tardo-barroca, de planta longitudinal simples, de espaço único, com sacristia e anexo adossados ao lado direito. A fachada principal em empena, formando frontão interrompido por cruz latina, é rasgada por eixo composto pelos vãos do portal de lintel reto, flanqueado por dois postigos e janelão com os extremos curvos.
No interior, possui coro-alto, assente em colunas toscanas que incorporam as pias de água benta. Destaca-se o retábulo-mor de talha a branco, com cinco eixos diferenciados, que lhe conferem uma grande sensação de movimento.
In, Património Eclesiástico da Covilhã
Capela de São Sebastião
A Capela de São Sebastião, estava situada a 750 metros, num sítio ermo, no alto da então Vila da Covilhã, precisamente ao lado da Capela de Santa Cruz.
A Capela tinha apenas um altar com a imagem do seu orago, São Sebastião Mártir, e pertencia à Paróquia de Santa Maria; tinha uma Irmandade ou Confraria. Era aí celebrada uma missa todos os Domingos e dias Santificados.
Ao redor da Capelaa existia um cemitério e, no lado do Nascente, foi construído, cerca de 1870, o atual cemitério municipal. Ambos tinham por finalidade acabar com os aterramentos dentro dos templos.
Nos princípios do Século XX começou a notar-se degradação do templo, que lentamente ficou quase em escombros … Apenas se manteve uma parte do altar-mor, que ainda perdurou durante cerca de 30 anos.
Em meados do século passado foi aberto um troço de estrada, a fim de melhorar o acesso à Serra da Estrela, cujo traçado coincidia com o local onde se entravam as ruínas da ermida que foram então demolidas.
In História da Freguesia de SANTA MARIA - Covilhã, António Garcia Borges
Capela do Senhor Jesus
A Capela do Senhor Jesus estava situada ao fundo do Largo D. Maria Pia, que hoje se designa como Jardim Público, no início da estrada que conduzia à Aldeia do Carvalho, ou seja, na atual Rua da Indústria.
A sua construção era simples, consistindo em pedra de cantaria, desconhecendo-se, porém, a data da sua construção. Interiormente tinha apenas o altar-mor, com a imagem do Senhor Jesus, orago da mesma capela.
Esta Capela pertenceu à antiga Paróquia de São Paulo. Depois da extinção desta, em 1835, foi anexada à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição.
Nos princípios dos anos 60 do século XX quando se encontrava já em ruínas, foi demolida parra alargamento da estrada e desenvolvimento habitacional da zona.
In, História da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Covilhã, António Garcia Borges
Igreja de Santa Marinha
Esta Igreja, que se situava fora das muralhas, na parte Norte, tinha três altares. Na Capela-mor, estava a Imagem de Santa Marinha, Orado da mesma Igreja e Paróquia e tinha mais uma pequena Imagem de Nossa Senhora do Carmo. Nos dois laterais, do lado direito, estava Nossa Senhora da Garça e no esquerdo o Glorioso Patriarca São José.
Esta Paróquia foi extinta em 1835, passando a fazer parte da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição com todos os seus foros.
Alguns anos depois a Igreja foi restaurada, e no ano de 1892, foi ali colocada pela primeira vez, a imagem de São Francisco Álvares, no altar direito.
São Francisco Álvares era natural da Covilhã, nasceu em Santa Marinha, tinha a profissão de cardador; entrou para a Companhia de Jesus em 21-12-1564. Veio a falecer a caminho do Brasil, martirizado com mais 39 companheiros, quando se dirigiam para a sua missão de evangelização. Todos os anos os cardadores lhe prestavam homenagem, com uma festa.
É de referir que no largo desta igreja se realizava, antigamente, o mercado dos porcos.
A Igreja de Santa Marinha foi demolida, no ano de 1954, ficando para a memória dos covilhanenses só os topónimos do Largo e da Travessa de Santa Marinha.
In, História da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Covilhã, António Garcia Borges
Igreja da Senhora do Rosário
Esta Igreja, que hoje já não existe, ficava situada junto às muralhas, do lado sul, frente ao Postigo do Rosário. Era uma igreja muito antiga, desconhecendo-se a data da sua construção.
Sabe-se que no ano de 1580 já existia, como se pode notar por uma doação, feita à própria igreja, por Pedro Pacheco e sua mulher, Isabel d’Abreu, com a finalidade de nela se fazer um mosteiro de freiras, o que nunca foi cumprido.
Em 1611 encontrava-se na Covilhã o Bispo da Diocese da Guarda, D. Afonso Furtado de Mendonça, e as pessoas gradas da Covilhã pediram-lhe para auxiliar a obra do mosteiro, tendo este assumido prontamente o pedido, prometendo, para esse fim, cem cruzados por 10 anos, como consta dum alvará por ele assinado.
No entanto tal mosteiro nunca chegou a ser construído tendo sido feitas, anos mais tarde, alterações na igreja em que foram abertas janelas, transformando-se em casa de habitação.
Na década de 40 do século passado, sofreu obras de requalificação. Foi fechada a porta principal, só restando a porta lateral, como se pode verificar ainda hoje.
In História da Freguesia de SANTA MARIA - Covilhã, António Garcia Borges
S. Pedro
É uma igreja muito irregular e bastante pequena para a freguesia. Antigamente tinha só três altares: o altar-mor, Sacramento e Almas.
Outras
Cemitério da Covilhã
O Cemitério da Covilhã é um dos mais opulentos da Beira Interior e o mais rico em arte fúnebre, com aproximadamente 150 mausoléus e jazigos.
Foi construído nos arrabaldes da cidade, lado Norte, numa altitude de 750 metros, satisfazendo as exigências higiénicas. Na altura era um local ermo, existindo apenas duas capelas, a de São Sebastião e a de Santa Cruz (Calvário).
Tem uma superfície de 15.200 metros quadrados, a qual se encontra distribuída em 5 quarteirões. Todos os quarteirões tinham porta lateral, em ferro, virada para Sul, sendo atravessadas por uma rua central com a largura de três metros e meio, que liga com o portão principal e se situa paralela a uma passagem onde se encontram os jazigos de maios valor.
O seu primeiro funeral foi feito em 4 de Julho de 1874, andando ainda em obras que terminaram em 1882.
Em frente da fachada principal tinha um espaço, sob a forma de retângulo, medindo 2.000 metros quadrados, que foi ajardinado entre 1896 e 1897, sendo o primeiro jardim público da Covilhã.
Anos mais tarde o cemitério teve obras de beneficiação. Os portões que existiam nos quarteirões foram amuralhados; o espaço em frente à fachada principal foi todo calcetado e, no quarteirão do cimo, foi aberto um pequeno portão para dar acesso aos residentes dos Bairros da Biquinha, Municipal e da Rua dos Montes Hermínios.
In História da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição, António Garcia Borges