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A Fábrica Alçada
 
Factos e Figuras da História da Covilhã
 
A FÁBRICA ALÇADA

 

 

Foram várias as unidades industriais que, a partir de meados do séc. XIX, foram fundadas por membros da família Alçada. Contudo, só uma delas ficou designada de “Fábrica Alçada” apesar de ter sido fundada, em 1840, por Manuel Nunes Mouzaco e se encontrar adjacente a uma outra, fundada por João Mendes Alçada. Trata-se de duas pré-existências, nas margens da ribeira da Carpinteira, que, em 1840, foram adquiridas por estes dois empresários covilhanenses, vindo as mesmas a desenvolver-se paralelamente. Em 1864, eram já duas fábricas completas.
 
Após o falecimento de João Mendes Alçada, em 1875, na partilha dos bens, a sua empresa coube, entre outros, a Manuel Mendes Alçada, vindo a dar origem à “Manuel Mendes Alçada & Filhos”, fundada em 1902 e que, em 1946, veio a ser adquiridas pela firma “Alçada & Rosa, Lda.”.
 
Entretanto, a empresa de Manuel Nunes Mouzaco passou a “Mouzaco & Cª.”, tendo diversificado os seus empreendimentos, a partir de 1859, através de uma nova firma, localizada no Prazo, a “Manuel Telles Feio & Manuel Nunes Mouzaco”.
 
Foi na sequência do casamento de João Mendes Alçada de Paiva com a filha de Manuel Nunes Mouzaco, D. Ritta do Sacramento Mouzaco Alçada, que a “Fábrica Alçada”, designada, a partir de 1878, de “Alçada & Mouzaco”, veio a registar um assinalável desenvolvimento. Em 1888, fez a sua primeira apresentação pública na Exposição da Avenida tendo, no ano seguinte, sido distinguida com a medalha de Prata na Exposição Mundial de Paris. Em 1889, alterou a sua denominação para “Alçada & Filho”, vendo a ser uma das quatro fábricas da Covilhã visitadas pela comitiva real, em 6 de Setembro de 1891, no âmbito da inauguração do troço de caminho-de-ferro. Dispunha já então de 234 trabalhadores.
 
Em 1904, inaugurou a montagem de uma nova cardação e fiação, que constituiu a primeira instalação completa de estambre do nosso país. No mesmo ano, na Exposição Universal de St. Louis, foi distinguida com a medalha de Ouro, na secção de tecidos de lã.
Em 1908, passou a designar-se “Alçada & Filho, Sucessor, fábrica de penteação de lãs, fios de estambre e cardados e ultimação de fazendas”, tendo-se mantido em actividade até 1964. Todavia, em 1919/20, fundou a “Alçada & Cª”, de que passou a ser sócia, juntamente com a firma “Copeiro & Donas”, o Dr. Aníbal Mouzaco Alçada e o Dr. Manuel Anaquim, vindo a deter, em 1923 50% do capital da mesma. Nesta data, foi efectuado o pedido de licenciamento, para a instalação da fábrica de lanifícios da firma “Alçada & Filho, Sucrs.”.
 
Em Outubro de 1935, foi instalada uma nova lavadeira para lã penteada, fabricada pela “Fundição do Campo do Rou, Ldaª. A empresa tinha então 320 trabalhadores e produzia, diariamente, 2.500 m de tecido ultimado. Destacava-se ainda pela acção filantrópica que os seus administradores desenvolviam junto do operariado ao serviço da empresa.
 
Na década de cinquenta, parte das instalações foram arrendadas á firma “António Joaquim Rodrigues”, que aqui laborou, com tecelagem própria, até 1961, seguido pela “Gomes & Cª.”.
 
Na sequência de um célebre litígio judicial dirimido em 1947, entre os herdeiros de D. Rita do Sacramento Mouzaco Alçada, sobre a posse da propriedade da firma e do estabelecimento fabril, passaram a ser reconhecidos como proprietários da mesma o Dr. Aníbal Mouzaco Alçada e as suas irmãs, D. Maria Carolina Mouzaco Alçada da Costa Arnaut e D. Maria Beatriz Alçada Guimarães.
 
Em 8 de Dezembro de 1957, a firma “Alçada & Filho, Sucessor” sofreu um violento incêndio, que destruiu a penteação, parte da preparação e grande número de fiações, tendo, em 1959, requerido a reconstrução e ampliação dos edifícios fabris afectados e renovado o equipamento. A empresa foi ainda sócia da “Tinturaria Alçada” e da “Ernesto Cruz & Cª”. Em 1961, tinha a laborar mais de 500 trabalhadores. Em 1964, o Dr. Aníbal Mouzaco Alçada tornou-se o único proprietário da empresa, que passou a designar-se de “Aníbal Mouzaco Alçada” ou Fábrica Alçada”. Conferiu então plenos poderes para a gerir a José Cruz Alves da Silva e ao Dr. José de Albuquerque de Almeida Ribeiro, tendo a mesma vindo a cessar a sua actividade em 1967-1968. A partir de então estabeleceu-se, em parte das instalações, a firma EMPREX.
 
O complexo fabril que compreendia seis edifícios de produção, uma quinta e três casas de habitação foi alvo de várias intervenções, ao longo do tempo, quer na sequência dos incêndios sofridos quer para ampliação das suas áreas produtivas, vindo a desenvolver-se em catorze corpos, ocupando uma área coberta de 14.650 m2.
 
Elisa Calado Pinheiro in Notícias da Covilhã
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